Ao dar os primeiros passos de sua jornada, as startups precisam considerar várias estratégias para obter recursos financeiros e fazer um investimento inicial para dar vida às suas ideias. Conseguir financiamento com investidores de capital de risco oferece mais estabilidade, mas, ao mesmo tempo, também pode criar um elo de dependência para essas jovens empresas. Nesse sentido, o bootstrapping oferece um caminho alternativo para quem busca mais autonomia nos negócios.
Neste artigo você descobre de onde vêm os recursos financeiros para fazer bootstrapping, entende quais são os princípios por trás do método e também conhece os benefícios adicionais que ele oferece aos empreendedores.
O que é bootstrapping?
Bootstrapping é um tipo de financiamento no qual startups e empresas jovens abrem mão de receber aporte de capital financeiro de investidores externos. Assim, esse método só pode ser executado ao elevar as receitas da empresa e, ao mesmo tempo, reduzir as despesas, gerando lucro e reinvestindo esses recursos na operação. Quanto antes um negócio atingir o ponto de equilíbrio, mais viável e seguro será o financiamento por bootstrapping.
Bootstrapping: tradução e origem
O conceito de bootstrap, na verdade, é amplamente usado em vários campos. Nas áreas da economia, biologia e engenharia, seus princípios fornecem uma alternativa robusta aos métodos baseados em suposições paramétricas. A versatilidade e a implementação direta da estrutura a tornaram uma ferramenta indispensável de análise estatística e tomada de decisão.
Já no setor de negócios, empreendedores e fundadores destartups geralmente se deparam com o conceito de “bootstrapping” ao buscar maneiras de obter capital para investir em uma ideia de negócio inovadora, sem depender de ajuda externa. Em alguns casos, esse método de “autofinanciamento” pode ser a melhor opção para a empresa – em outros, pode ser a única opção disponível.
Se um empreendedor não encontrar um investidor adequado para o perfil do seu negócio, ou que acredite no potencial de sua ideia, ele precisa se financiar e reunir os recursos financeiros necessários de forma independente.
Mas, afinal, o que é “bootstrap”? O termo bootstrap, na língua inglesa, se refere a um tipo de alça de bota usado para auxiliar o manejo do calçado ao ajustá-lo aos pés. Já o método bootstrapping é inspirado na história do Barão de Münchausen, que, supostamente, escapou de um pântano puxando a si mesmo pelos próprios cabelos.
Sim, é uma história lúdica e metafórica. Mas ela ilustra como, neste modelo de negócio, as startups abrem mão de ajuda financeira externa e dependem apenas de si para financiar o início de seus negócios de forma independente.
Exemplos de fontes de financiamento via bootstrapping
É fácil saber a origem do dinheiro quando um investidor externo está envolvido no negócio, mas de onde vêm os fundos quando uma empresa aposta no bootstrapping? A poupança pessoal dos fundadores é uma provável fonte de capital disponível, claro, mas está longe de ser a única. Um empresário experiente, que economizou dinheiro obtido com um pequeno empreendimento anterior, geralmente usa bootstrapping. Além disso, a entrada de capital também pode vir de:
Amigos, conhecidos e familiares
Programas governamentais de estímulo e linhas de crédito públicas
Pequenos empréstimos bancários
Benefícios fiscais
Por que fazer bootstrapping: os principais benefícios
À primeira vista, optar pelo bootstrapping pode parecer um caminho trabalhoso e cheio de riscos. Afinal, entrar no mercado competitivo dessa forma envolve muitos custos – com os quais os empreendedores devem arcar sozinhos. No entanto, por outro lado, pequenas empresas que permanecem independentes de financiadores ao iniciar sua trajetória são capazes de alcançar a receita necessária para cobrir seus custos rapidamente, e aprendem a economizar, mesmo com recursos limitados.
A experiência que as startups ganham com a prática do bootstrapping, por si só, já pode ser considerada uma tremenda vantagem competitiva. Isso, claro, sem falar da independência. Jovens empreendedores podem ter suas ideias e ações limitadas, dependendo do tipo de financiador que escolherem. Ter investidores externos com participação não apenas nas ações, mas também nas decisões estratégicas do negócio, pode dificultar a vida de muitas startups. Com o bootstrapping, no entanto, a visão original dos idealizadores da empresa pode ser colocada em prática livremente, sem dependência.
Além disso, optar pelo bootstrapping pode se transformar em um diferencial significativo se a empresa eventualmente precisar de financiamento externo ao longo do caminho. Potenciais investidores provavelmente ficarão impressionados com a disciplina financeira demonstrada pelo autofinanciamento e, portanto, podem se sentir mais seguros e dispostos a investir.
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Como usar bootstrap: princípios fundamentais de bootstrapping
A prática do bootstrapping está ganhando relevância como uma opção cada vez mais viável para a estruturação de empresas. Muitos empreendedores optam por financiar inicialmente suas startups usando seus próprios recursos, revelando uma mudança do mercado de negócios em direção a estratégias de financiamento independentes.
Se – e como – as empresas são bem-sucedidas com esse método, isso depende de vários fatores. O estudioso da área de empreendedorismo Amar Bhidé, por exemplo, formulou uma lista com sete princípios fundamentais de bootstrapping que as empresas devem seguir ao se autofinanciar:
Inicie a fase operacional do negócio o mais rápido possível
Alcance um fluxo de caixa positivo quanto antes, e trabalhe intencionalmente em busca do ponto de equilíbrio
Venda produtos de qualidade superior aos da concorrência
Limite os recursos destinados ao pessoal, e trabalhe com membros da equipe que demonstram uma mentalidade de startup
Seja cauteloso e eficiente ao lidar com recursos limitados
Concentre-se na liquidez da sua empresa
Mantenha-se em contato com os bancos para não descartar empréstimos futuros
Por que atingir o ponto de equilíbrio rapidamente é crucial no bootstrapping
Empreendedores adeptos do bootstrapping – conhecidos como bootstrappers – precisam ter alta tolerância ao risco financeiro. Recursos limitados e pressão intensa por sucesso são fatores inerentes a essa abordagem autofinanciada.
Os dois primeiros princípios do bootstrapping citados acima são pré-requisitos para que novas empresas gerem receita e comecem a operar lucrativamente. Quanto mais cedo elas deixarem a fase de planejamento e começarem o negócio operacional, mais rápido elas podem gerar vendas e ver as receitas crescerem. O ponto de equilíbrio marca o momento em que as receitas e as despesas se equilibram.
Uma vez que esse ponto é alcançado, as empresas passam a gerar lucro, que pode ser reinvestido em novos processos e otimizações. Por isso, o ponto de equilíbrio é um marco crucial na fase de bootstrapping.
Resumo: o que é bootstrapping nos negócios?
Bootstrapping, na área dos negócios, se refere ao ato de iniciar e expandir uma nova empresa a partir de recursos limitados, normalmente sem qualquer financiamento externo significativo, como investidores de capital de risco ou grandes empréstimos com bancos.
Em vez disso, os empreendedores contam com suas economias pessoais, a receita inicial de vendas do negócio e outros recursos mínimos para financiar suas operações. Veja como o bootstrapping se aplica na administração de empresas em fase inicial de crescimento.
Autofinanciamento. Os empreendedores usam seus próprios recursos financeiros – como economias pessoais ou dinheiro de amigos e familiares – para financiar inicialmente o negócio.
Gestão de Fluxo de Caixa. Gerenciar o fluxo de caixa de forma eficiente se torna crucial, já que o financiamento externo é limitado ou inexistente. Assim, as empresas devem manter um fluxo de caixa positivo para sustentar as operações.
Eficiência de Custo. Negócios baseados em bootstrapping frequentemente focam em minimizar despesas. Isso pode envolver negociar termos mais vantajosos com fornecedores, abrir mão de um espaço físico de trabalho ou escritórios caros e fazer boa parte do trabalho inicial internamente, antes de contratar funcionários.
Reinvestimento de Lucros. Quaisquer lucros obtidos são normalmente reinvestidos no negócio para alimentar o crescimento e o desenvolvimento da empresa, em vez de serem distribuídos como dividendos.
Crescimento Gradual. O crescimento é geralmente mais gradual, pois está diretamente ligado à capacidade da empresa de gerar e reinvestir lucros. Isso pode levar o negócio a escalar de forma mais lenta – porém mais sustentável.
Como deu para notar, a ideia geral do bootstrapping se baseia na resiliência e na desenvoltura do empreendedor. A visão de negócio aqui é de construir um empreendimento organicamente, adaptando-se ao feedback do mercado e confiando em suas próprias capacidades, em vez de depender de financiamento externo.
Considerações finais
Com a metodologia do bootstrapping, as startups financiam suas operações iniciais inteiramente por seus próprios meios. A grande vantagem oferecida por essa abordagem de financiamento é a autonomia na tomada de decisões, com independência total de investidores externos.
No entanto, isso também aumenta os riscos. Por isso, é crucial que as empresas nessa situação tenham um bom planejamento financeiro e consigam gerar receitas rapidamente, atingindo o ponto de equilíbrio quanto antes, para reinvestir os lucros e construir um negócio saudável.